
Tirei o dia para ele fazer o que quisesse de mim. Optei por apreciar a luz e o calor da minha janela num dia de moribundo Verão. Graças a um qualquer santo que consiga fazer este tipo de milagres em pleno Novembro.
Queria ouvir musica que não me influenciasse o estado de espírito, uma música híbrida em si mesma mas que me ajudasse a fugir do silêncio. Escolhi o cd certo e agora espero sacar de mim qualquer confissão mais ou menos sumarenta.
Disseram-me ultimamente que devia aproveitar/encarar a vida de uma forma mais positiva, de andar com o sorriso nos lábios como se fosse quase uma arma de arremesso. A minha táctica sempre foi outra. Cara de mau, como um cão de guarda, como que a avisar a quem se quisesse aproximar. Talvez seja por isso que quase nunca as pessoas queiram partilhar um lugar duplo no BUS comigo (espero que não seja do cheiro…) É mais fácil para mim optar por esta estratégia, e obtenho sempre alguns resultados.
Não me sinto um ser completo, isso é certo. Pareço órfão de mim mesmo em certos momentos. Ainda tenho muito que crescer dentro de mim, talvez quando o fizer já não me sirva de muito, ou mesmo não me sirva para nada e por isso talvez as reticencias em o fazer. Creio que o meu maior obstáculo em certos aspectos, sou eu mesmo, mas é comigo que tenho que acordar, sofrer, sorrir e um dia, morrer.
Uma mosca faz-me companhia, insistentemente. Mas acho que preferia ficar sozinho.
“Havia na sua voz um luto que cobria o mundo. E eu disse-lhe:
- Enquanto houver uma flor e um pássaro a explicá-la, a alegria continua.
E como gostou da frase, não replicou.”
V. Ferreira, Escrever
“Não queiras saber tudo. Deixa um espaço livre para te saberes a ti.”
V. Ferreira, Escrever
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