Kissing Frame

O comando é o meu general, obedece às minhas ordens supremas. Zapping é a minha estratégia delineada. Estanco o dedo perante uma cena de beijos. A cena não correu lá muito bem, pelo menos vista da janela do meu mundo que são os meus olhos. Ligeiramente impessoal. Talvez alguma falta de talento daqueles cromos ou um silencioso e desaparecido propósito do enredo que desconheço. Mas isso não interessa para o caso. Dei por mim a pensar que se os beijos são trocados pelas bocas porque é uma parte do corpo que comunica com o parceiro em termos de toque, uma partilha mútua do mesmo beijo. Como se ambos estivessem a construir algo juntos e exclusivamente deles. Se deres um beijo no pescoço ou na mão não há interacção. Um dá, o outro recebe. Na boca tudo é diferente, tão diferente…
Um beijo é como uma impressão digital. É único em cada pessoa. Para além dos factores experiência, grau de intimidade e momento (devo-me estar a esquecer de alguns, de certeza) o beijo é algo muito TEU. Tu dás à TUA maneira, com o TEU estilo pessoal e com a intensidade e sentimento baseado na TUA personalidade, na relação que tens com a pessoa com quem partilhas aquele beijo e o momento em que ele é dado…
Imagine-se um primeiro beijo, inseguro e plenamente exploratório que é tão diferente de um outro dado num momento de paixão e intimidade. Agora imagine-se um beijo de despedida, meio a saber a sal das lágrimas derramadas. Em todos há a marca registada de cada um de nós, com o tom e o sentimento adequado à pessoa e à situação espacial. Mas, deixemo-nos de teorias e que se parta para a prática! Desliga a televisão e dá cá uma beijoca...