Saturday, January 03, 2009

Quando



Quando encolhes o silêncio debaixo da língua, optando por comunicar com o mundo que te rodeia, passas a falar por ti e por mim. Passas a contar os passos que já não dás, passas a procurar sentido num pedido de desculpas.


Quando estendes a mão à chuva que baptiza a rua ela se transforma por ti em lágrimas que não sentiste, que não derramaste. Ela faz-te conhecer a vontade dos céus naquela tarde de Inverno, ela te conta a história secreta que faz de nós escravos de sonhos pontiagudos como estrelas, talvez cadentes, talvez em decadência.


Quando apontas o dedo em direcção ao desconhecido esperas que ele não repare em ti. Esperas que o sol te ilumine pés e mãos ou que talvez o dia acabe depressa atrás do ponteiro das horas. Esperas poder andar sem deixar pegadas junto das minhas, correr e não parar.


Quando humedeces os lábios antes de falar, respirando devagar antes de expirares palavras, olhas. Olhas e vês música onde eu vejo movimento, Vês cores onde só observo silêncio.
Aquele que quiseste encolher debaixo da língua e to roubei sem que desses por isso.



Pché 09